O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador Caio André (PSC), realizou, nesta segunda-feira (05/06), uma Audiência Pública sobre as necessidades de mulheres que vivem com endometriose, um distúrbio na área do útero. A propositura, de autoria do vereador, em conjunto com o presidente da Comissão de Saúde da CMM, Elan Alencar (DC), busca propor medidas para melhorar o atendimento, principalmente na rede pública.
A audiência foi conduzida pelo presidente da Casa, vereador Caio André, e contou com a presença de representantes do Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose, especialistas na área de saúde e Direito Médico no plenário Adriano Jorge.
Além de Caio André, compuseram a Mesa da Audiência Pública a coordenadora do Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose no Amazonas, Juliana Girão, e a membro do grupo, Thiely Carvalho; a médica ginecologista Liane Silva; e o representante da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB-AM), Lucas Ribeiro.
O presidente da CMM destacou a importância de debater um assunto que afeta diretamente milhares de mulheres na capital e em todo o Amazonas.
“O assunto em questão é muito pujante, que aflige muitas mulheres. Minha esposa inclusive sofre com uma endometriose muito forte. Muitas vezes é um assunto invisível, que é um tabu, onde muitas mulheres têm dificuldade no emprego e no dia a dia, e em função de sofrerem da endometriose passam por grandes dificuldades”, destacou o presidente da Casa.
Coordenadora do Grupo de Apoio às Mulheres Portadoras de Endometriose do Amazonas, a enfermeira Juliana Girão explica que entre os principais gargalos no atendimento de mulheres com endometriose está a ausência de medidas efetivas para o diagnóstico precoce, um local de pronto atendimento e a capacitação de profissionais.
Segundo a coordenadora, a descoberta da doença pode durar até 10 anos, dependendo da forma do diagnóstico a partir dos sintomas apresentados pela paciente.
“Às vezes as mulheres não têm nem a dor física, porque tem pessoas que não têm a dor física, mas de alguma forma ela vai estar ali presente porque ela não consegue ter um filho, porque ela tem direitos reprodutivos que não são assegurados para ela, então ela dói de várias formas. A dor física é a mais gritante, mas uma dor emocional também pode destruir as pessoas, destruir sonhos”, afirmou a coordenadora do grupo.
Políticas públicas – A médica ginecologista e especialista em endometriose, Liane Silva, estima que ao menos 10% da população feminina na capital seja portadora da endometriose, o que corresponderia a cerca de 100 mil mulheres. Ela afirma ser possível propor políticas públicas que beneficiem esse público na capital.
“Essa ajuda é possível porque já temos exemplos de outros serviços no Brasil de excelência que estão conseguindo atender essas mulheres de forma adequada pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Se outros municípios conseguiram no nosso País, será que Manaus é diferente? Eu creio que a conseguimos sim e podemos ser exemplo na região Norte”, opinou a especialista.
Ao final dos discursos, o presidente da CMM e propositor da audiência se comprometeu a formular um relatório das demandas apresentadas a fim de ampliar os conhecimentos sobre a doença para a população de Manaus.
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